Nascida na Espanha em 07 de março de 1911, Irmã Gema Ferraces Seijo chegou ao Brasil em 20 de julho de 1938, como missionária da Congregação das Mercedárias da Caridade. Desde então, sua vida tem sido dedicada aos pobres, desamparados e doentes. Completando 104 anos de vida, Gema mostra que o seu amor ao próximo e a fé em Deus é a fonte da sua juventude.
Em agosto de 2014 o site de São João del-Rei publicou uma entrevista com a Irmã sobre sua vocação Religiosa. Devido a comemoração, disponibilizamos - novamente – as belas palavras dessa mulher de fé, que nos conta sobre sua escolha vocacional, família e suas obras sociais. Confira:
SITE DIOCESE - Como a Senhora descobriu sua vocação?

IRMÃ GEMA - Tinha dúvidas de minha vocação, então, procurei um padre mercedário e pedi direcionamento. Perguntei se eu tinha vocação e ele recomendou que eu fizesse um retiro espiritual, lá em Galicia, na Espanha. Então, participei do “Retiro do Ano” e, em seguida, entrei para a ordem mercedária. Logo que entrei para o convento, revelei à minha superiora o desejo de ser missionária no Brasil, sem causa ou motivo específico, apenas gostaria de realizar meu trabalho aqui.
SITE DIOCESE - A senhora era a única religiosa da família?
IRMÃ GEMA - Não. Éramos nove filhos e três consagradas. Uma era salesiana, mas faleceu depois de 3 anos de vida consagrada. Outra também era mercedária, mas como nossa mãe era cega, ficou cuidando de dela. E eu era a terceira. Também mercedária.
SITE DIOCESE - Na Espanha a senhora realizou algum trabalho?
IRMÃ GEMA - Na época, a Espanha estava em guerra (civil) e fui trabalhar na Zona Vermelha, cuidando dos comunistas feridos. Às vezes, atendia no pronto socorro 48 horas direto. Lembro uma vez que cuidava de um oficial e, sentada, peguei no sono. O ferido até tentou me acordar, mas precisou da irmã me sacudir para que eu despertasse.
SITE DIOCESE - Como foi o seu trabalho aqui no Brasil?
IRMÃ GEMA - Fui para o Campos do Jordão trabalhar com tuberculosos, mas como uma de nossas missionárias adoeceu, fui designada para substituí-la em Recife. Como a temperatura era bem diferente, passei por grandes dificuldades, quase adoeci. Fiquei sete anos trabalhando na maternidade e na farmácia. Como não consegui me acostumar com o calor, pedi minha superiora que assim que houvesse uma oportunidade, me transferisse. Foi ai que apareceu a fundação do Hospital Nossa Senhora das Mercês, aqui em São João del-Rei. Andava longe. Pega o ônibus para a missa das 5hs na Igreja do Pilar e depois, saia pelas fazendas pedindo ajudas para fundar o Hospital das Mercês. E deu certo. Está ai uma obra boa.
SITE DIOCESE - A partir daí a Senhora ficou em São João del-Rei?
IRMÃ GEMA - Não. Cheguei a retornar para Campos do Jordão. Sai daqui como diretora e assumi lá o mesmo cargo. Quando a obra social estava pronta, minha província me encaminhou para o Paraná. Mas as estradas do Paraná eram muito ruins e como fiquei doente da coluna, pedi para voltar para São João del-Rei. Fiquei no hospital por mais um tempo até iniciarmos uma obra social no bairro do Tejuco, onde ensinava as moças a trabalhar e servia sopa às crianças. Lembro-me quando as mães nos questionavam o porquê as filhas só tinham interesse em trabalhar na obra, e em casa não faziam nada. Respondia que conquistávamos as jovens aos poucos, por isso, elas tinham interesse em aprender a bordar e costurar. Ajudei também na área esportiva, tinha grupos de meninas e de meninos. Minha goleira recebeu o troféu de melhor jogadora na época.
SITE DIOCESE – Para encerrar, a senhora gostaria de deixar uma mensagem as jovens que desejam seguir a Vocação Religiosa?
IRMÃ GEMA -. Apenas digo que seguir essa vida é muito gratificante.

No último sábado, 07, Dom Célio de Oliveira Goular, juntamente com religiosos (as) da Diocese, celebraram com Irmã Gema o seu 104º aniversario.
Entrevista de Lucas Silveira
Fonte: Jornal do Hospital/NOV 97