Neste domingo, 12, último dia de sua viagem à América-latina, o papa visitou a comunidade de Bañado Norte, no bairro pobre de Assunção, onde Igreja e Estado realizam vários projetos. Um campo de terra batida em frente à capela de São João Batista acolheu o encontro de cerca de duas mil pessoas com o pontífice. Entre os presentes estavam alunos das escolas de Caacupemi e Santa Cruz “Fé e Alegria”, esta última, parte de um projeto desenvolvido pela Companhia de Jesus, que administra mais de 400 unidades educacionais em várias áreas carentes do Paraguai. Em seu discurso, voltado à Sagrada Família, Francisco destacou tudo que é feito pela comunidade em busca de uma vida digna. “Ver os vossos rostos, os vossos filhos, os vossos avós. Ouvir as vossas histórias e tudo o que fizestes para estar aqui, a luta que travais para ter uma vida digna, um teto. Tudo o que fazeis para superar a inclemência do tempo, as inundações destas últimas semanas, faz-me recordar a família humilde de Belém. Uma luta que não vos roubou o sorriso, a alegria, a esperança. Uma peleja que não vos impediu a solidariedade, antes, pelo contrário, estimulou-a e fê-la crescer”, ressaltou. A importância da solidariedade também foi reiterada. “A fé desperta o nosso compromisso com os outros, desperta a nossa solidariedade. Uma virtude humana e cristã que vocês têm e que nós devemos aprender. O nascimento de Jesus desperta a nossa vida. A fé, que não se faz solidariedade, é uma fé morta. É uma fé sem Cristo, uma fé sem Deus, uma fé sem irmãos. O primeiro a ser solidário foi o Senhor, que escolheu viver entre nós, escolheu viver no nosso meio”, expressou. O pontífice afirmou visitar o local assim como os pastores de Belém, querendo-se fazer próximo. “Quero abençoar a vossa fé, as vossas mãos, a vossa comunidade. Vim dar graças convosco, porque a fé se fez esperança, e esperança estimula o amor”, desejou o papa. Ele encorajou os presentes a continuarem missionários e contagiarem a todos com a fé, estando próximos principalmente das famílias jovens e dos que atravessam momentos difíceis.
Missa no Parque Ñu Guazu

Mais de um milhão de fiéis participaram da missa celebrada por Francisco no Parque Ñu Guazu, em Assunção, neste domingo, 12. Debaixo de chuva, o pontífice iniciou sua homilia a partir do versículo 13 do Salmo 84: “O Senhor dar-nos-á chuva e dará fruto a nossa terra”. Segundo ele, a chuva é sinal da presença de Deus na terra trabalhada e a misteriosa comunhão entre Deus e seu povo sempre dá frutos, vida. “Esta confiança brota da fé, de saber que contamos com a sua graça que sempre transformará e regará a nossa terra”, explicou, complementando que “os discípulos são aqueles que aprendem a viver na confiança da amizade”. Francisco também destacou que a hospitalidade é uma palavra central na espiritualidade cristã, na experiência do discipulado. “Poderíamos dizer que é cristão aquele que aprendeu a hospedar, a alojar”, refletiu. Ele afirmou ainda que a “Igreja é uma mãe de coração aberto, que sabe acolher, receber, especialmente a quem precisa de maior cuidado, que está em maior dificuldade. A Igreja é a casa da hospitalidade”. Ao abordar sobre o mal que pode advir da solidão, que afasta uns dos outros e também de Deus, o pontífice reiterou que é próprio da Igreja aprender a viver a fraternidade com os outros. “A fraternidade acolhedora é o melhor testemunho de que Deus é Pai, porque é por isto que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”, concluiu.