segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Dia 14 de agosto - Solenidade do Trânsito de Nossa Senhora

Imagem relacionadaA basílica em sua honra em Jerusalém chama-se exatamente “Dormitio Mariæ” e um dos documentos mais antigos que temos sobre os últimos dias de Maria também leva esse título. O dogma da Assunção de Maria, proclamado em 1950, não dirimiu a questão, afirmando que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. O corpo de Maria, elevado ao céu, podia já ser um corpo glorificado, como o de Jesus após a ressurreição. Tanto os que falam em morte natural de Maria quanto os que falam em sono profundo da Mãe de Deus têm seus bons argumentos. Estes últimos argumentam com sua conceição imaculada. Se a morte é conseqüência do pecado, Maria, sem pecado e sem sombra de pecado, não podia morrer. Lembram também que a imortalidade é uma característica da Igreja. Ora, sendo Maria o protótipo da Igreja, bem podia Deus realizar nela o que fará com a Igreja no final dos tempos, ou seja, ressuscitar os que morreram e “arrebatar com eles para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares os que ainda estão vivos” (1Ts 4,16-17). Os que afirmam sua morte natural lembram que também Jesus era imaculado e santíssimo e passou pela morte, destino de todos os filhos de Adão, porta e parto necessários para a imortalidade. Maria é o modelo de todos os resgatados pelo Cristo através de sua morte e ressurreição. Também Maria, que se uniu a Ele no Calvário, ter-se-á configurado a ele na morte e na ressurreição. Assim como ela, sem pecado, passou por dores, angústias, desconfortos, perseguição, também terá passado pela prova maior: a morte corporal. Sem que com isso se afirme que seu corpo sofreu a decomposição. As duas tradições são antiqüíssimas. Em nossos dias prevalece a tese de que Maria passou pela morte à imitação de Jesus. Mas é ainda e continuará a ser uma questão em aberto. Também não temos certeza de onde e quando Maria encerrou sua passagem terrena. Sabe-se que, na dispersão dos Apóstolos, Maria acompanhou João, como recomendara Jesus na Cruz (Jo 19,16-27). O Apóstolo João teria migrado para Éfeso, hoje sudoeste da Turquia, uns 600 km ao sul de Istambul. Maria teria findado seus dias em Éfeso. Esta tradição tomou corpo a partir do século XVIII com as visões da camponesa alemã Ana Catharina Emmerich (1774-1824) que, em sonho ou numa revelação, “viu” no alto da montanha popularmente denominada “Colina do Rouxinol”, distante 7 km da antiga cidade portuária de Éfeso, a capela Meryem Ana Evi (Casa da Mãe de Deus), que seria a casa em que Maria teria terminado seus dias. Catharina viajou para lá, encontrou tudo como “vira” em sonho e começou a restaurar a antiga capela-casa de Maria, que até hoje os peregrinos podem visitar. Mães turcas, católicas e muçulmanas visitam continuamente aquele santuário, para terem um bom parto e sorte na educação dos filhos. No entanto, não há documentos históricos que favoreçam essa tradição e as escavações arqueológicas mostraram que a capela é certamente posterior ao século VI. Uma outra tradição faz Maria terminar sua jornada terrena em Jerusalém, no Monte Sion e ser sepultada no lugar onde se encontra hoje a Basílica da “Dormição de Nossa Senhora”, na região do Vale do Cedron, local tradicional de sepulturas. Os estudos arqueológicos e outros indícios fazem remontar o túmulo aos tempos romanos, ou seja, ao primeiro século da nossa era. Além disso, foram encontradas grafites, escritas pelos primeiros cristãos, que iam honrar o local do túmulo de Maria. Foram encontradas também algumas sepulturas judeu-cristãs, que ladeiam a câmara mais interna. Temos ainda a tradição oral de dois mil anos: os cristãos sempre foram lá venerar o túmulo da Mãe de Deus. E temos, além disso, alguns relatórios de peregrinos (famoso é o de Etérea), que por lá passavam e registravam suas impressões sobre a visita e a liturgia celebrada no local. Maria teria voltado de Éfeso para Jerusalém, onde moravam seus parentes, quando o Apóstolo João retornou para participar do primeiro Concílio Ecumênico da Igreja (At 15,6-29). Na década de 60, quase ao mesmo tempo em que o franciscano Frei Bellarmino Bagatti fazia as escavações científicas junto ao túmulo de Maria, foi descoberto, na biblioteca do Louvre, em Paris, um documento em grego que possibilitou chegar a outros documentos, sobretudo a três, muito próximos entre si tanto na informação quanto no estilo. São eles: De Transitu Mariæ (em língua etíope), Dormitio Mariæ (em grego) e Transitus Mariæ (em latim). Estes textos devem ser datados do final do segundo século até começos do século quarto. Os três textos concordam em que Maria tenha terminado seus dias em Jerusalém.
Fonte- http://www.franciscanos.org.br