Ao observar a trajetória de Cristo rumo ao calvário vemos sempre ao seu lado a presença de sua mãe Maria Santíssima. Vamos agora descrever um dos momentos mais difíceis para a mãe do Salvador. Nesta quinta dor de Maria somos convidados a refletir sobre o quanto ela foi forte e fiel ao projeto de Deus.
As sagradas escrituras assim nos revelam a grandeza de Maria presenciando o sofrimento de seu Filho na Cruz: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a Mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse para o discípulo: Eis aí a tua Mãe! (Jo 19,25-27). Maria que desde o nascimento de Cristo viveu por Ele e para fazer cumprir aquilo que estava determinado por Deus, foi forte, muito forte e fiel diante das provações. Tamanha dor dificilmente seria suportada por uma mãe ao ver seu filho sendo crucificado. E ela ali permaneceu. Também estavam presentes outras três pessoas que junto a Maria viam o imenso sofrimento de Cristo na Cruz. E da Cruz ouviu-se a voz de Jesus entregando sua mãe ao discípulo amado. E não a entregou como “uma” qualquer, mas sim lhe dizendo que deveriam ser como mãe e filho um para o outro. Percebemos que diante do sofrimento o amor deve superar a dor. Maria com certeza sofria muito naquela hora, mas seu amor por Cristo era infinito; maior ainda era o amor de Cristo que se entregou a esta morte de Cruz para a remissão dos nossos pecados. O Papa Bento XVI descreve muito bem esta experiência edificante do sofrimento: “Quem permanece por muito tempo próximo das pessoas que sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre da alegria, fruto do amor”. (trecho extraído do texto base da CF 2012)
A igreja no Brasil nos revela nestes dias de quaresma e durante este ano inteiro que devemos estar junto aos sofredores. Ao abordar como tema da campanha da fraternidade a questão da saúde pública a igreja tem como “objetivo geral refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pes¬soas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde.” (trecho extraído do texto base da CF 2012) Não precisamos ir longe para ver o sofrimento das pessoas que estão enfermas. Basta olhar para o nosso lado, na nossa comunidade o descaso do poder público com os enfermos que necessitam de médicos. Não podemos negar que existam postos de saúde espalhados pela cidade, ou melhor, pelas cidades do Brasil inteiro, mas quando o pobre vai atrás de atendimento médico raramente consegue ser atendido no mesmo dia. Nossa realidade demonstra ainda a dificuldade para conseguir marcar a consulta – o doente precisa acordar de madrugada, pegar fila, friagem e se dispor a ouvir um não como resposta ao desejo de conseguir ser atendido. Estar junto ao enfermo é também lutar por melhoria no sistema público de saúde. Ser solidário com aqueles que sofrem, que estão doentes, é missão de todo cristão que assume o grande mandamento do “amor ao próximo” (Lc 10, 25,37).
O Papa bento XVI nos faz a seguinte afirmação: “não admira que Maria, Mãe e modelo da Igreja, seja evocada e venerada como “Salus infirmorum”, “Saúde dos enfermos”. Como primeira e perfeita discípula do seu Filho, Ela demonstrou sempre, acompanhando o caminho da Igreja, uma solicitude especial para com os sofredores.” (trecho extraído do texto base da CF 2012) Assim como Maria permaneceu perto da Cruz de seu Filho, ela permanece ao lado de cada um dos que hoje sofrem sem o atendimento digno nos postos de saúde.