A igreja nos propõe, nestes dias que antecedem a celebração da semana santa, a reflexão sobre as sete dores de Maria Santíssima. Juntos vamos relembrar a terceira dor sofrida por Maria quando percebeu que seu filho estava perdido. O evangelista Lucas nos narra o acontecido: “Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem. Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia e o procuraram entre parentes e conhecidos. E, não o achando, voltaram a Jerusalém à procura dele (Lc 2,43-45).
Nos dias atuais muitas mães também perdem seus filhos e às vezes nem percebem a tempo de tentar resgatá-los. Não me refiro à situação exposta pelo evangelista em que Jesus havia ficado no templo falando aos doutores da lei sem que seus pais notassem, e nem pretendo comparar os casos. A dor sentida por Maria foi uma dor profunda por não saber onde seu filho havia ficado perdido. As dores sentidas pelas mães de hoje também são profundas, pois muitas vezes, os filhos vão se afundando nas drogas e chegam até mesmo a perderem a vida. Conforme o texto base da campanha da fraternidade:“A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que o tabagismo (dependência física e psicológica do cigarro), no Brasil, ainda mata cerca de 200 mil pessoas por ano.” E ainda “... que o Brasil é o segundo maior mercado de cocaína das Américas, com cerca de 870 mil usuários adultos (entre 15 a 64 anos)”. Esta situação merece nossa atenção visto que cabe a todos os cristãos fazer algo para mudar a realidade de morte dos dependentes químicos. A Igreja ao abordar o tema “Fraternidade e Saúde Pública” voltou o olhar também para os milhares de filhos que sofrem por falta de assistência médica e psicológica nesta área. São pessoas que merecem nossa misericórdia seja através de orações ou mesmo de ações concretas para que possam retornar deste caminho de perdição. Os órgãos governamentais devem ser estimulados a tratar com mais carinhos e investir mais e melhor na recuperação dos viciados. Ainda de acordo com o texto base da campanha da fraternidade e segundo o Ministério da Saúde “... o crack poderá tirar a vida de, pelo menos, 25 mil jovens por ano no Brasil... A estimativa é que mais de 1,2 milhão de pessoas sejam usuárias de crack no país e cerca de 600 mil pessoas façam uso frequente de droga.” Não pensemos que são somente as “drogas pesadas e ilícitas” que levam à destruição da pessoa humana. Infelizmente muitas drogas lícitas também semeam dor no coração das mães. É o caso do álcool que atualmente é consumido em excesso por 18% da população adulta. Segundo o Documento de Aparecida, “o problema da droga é como mancha de óleo que invade tudo. Não reconhece fronteiras, nem geográficas, nem humanas. Ataca igualmente países ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. A Igreja não pode permanecer indiferente diante desse flagelo que está destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações”.
Lembrando o sofrimento de Maria ao sentir que seu filho estava perdido e vendo as milhares de pessoas que sofrem por influência das drogas, rezemos a Deus para que projetos de recuperação dos dependentes químicos possam ser levados a sério por nossos representantes políticos, visto que isso também é difundir a saúde sobre a terra.