A igreja nos propõe, nestes dias que antecedem a celebração da semana santa, a reflexão sobre as sete dores de Maria Santíssima. Refletir sobre as dores de Maria é uma das maneiras pela qual os cristãos são chamados a enfrentar as dificuldades com a mesma esperança que a mãe do Salvador guardava em seu coração. Nossa Senhora das Dores sofreu também a dor da partida, vendo-se obrigada a fugir para um lugar distante a fim de proteger o Salvador do mundo.
Conforme nos relata o evangelho de São Mateus em seu capítulo segundo, versículos 13 e 14: “O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: Levanta, toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que te avise. Pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito”. Maria não teve opção diante desta revelação do anjo a José. Simplesmente como toda mãe que busca defender seu filho de todos os perigos, Maria foge. Não sabia ela dos riscos que correria até que chegassem ao Egito, mas o que não podiam era permanecer ali aguardando a ira de Herodes contra o menino Jesus. Menino ainda não podia defender-se, mesmo porque, embora fosse o Deus-menino, se fez humano e veio morar em nosso meio, frágil, como um de nós. Esta segunda dor de Maria traz para nós a reflexão sobre as inúmeras mães que sofrem por ver seus filhos perseguidos. Perseguições das mais variadas possíveis, desde o ventre materno até a vida adulta. Inicialmente quero expor um pensamento sobre as dificuldades encontradas por muitas mães para trazerem seus filhos à vida. Volto a lembrar o tema da campanha da fraternidade deste ano: Fraternidade e Saúde Pública e o lema: “Que a paz se difunda sobre a terra.” (Eclo 38,8) Como esta a situação do atendimento e acompanhamento médico às gestantes em nosso país? Assim como em outras áreas do sistema público de saúde, tem muita coisa a melhorar. A taxa de mortalidade infantil ainda é considerada alta (19,88 óbitos por mil nascidos vivos em 2010 – CF texto base da campanha da fraternidade) e infelizmente, por falta de tratamento adequado à gestante, muitas crianças nem chegam a nascer. São mães que sentem seus filhos perseguidos pela falta de assistência médica. Mães que inconscientemente chegam a cometer abortos pensando ser a melhor solução para si e para a criança que poderia vir ao mundo. Faltam médicos, psicólogos, profissionais qualificados para, assim como José, conduzirem mãe e filho em segurança. A situação chega a ser crítica, principalmente em cidades menores onde a falta de leitos em UTI neonatal é uma realidade consumada. Qual a opção das mães sofredoras neste caso? Não há nada para fazer senão pegar a estrada e partir. Partir para onde for possível, para onde tenha auxilio médico que possa suprir as necessidades do filho amado. Não restam dúvidas que, assim como Nossa Senhora, toda mãe é capaz de sair rumo a locais longínquos para garantir a vida do filho a qualquer custo.Que a saúde se difunda sobre a terra, é o clamor do povo sofrido. Maria, mãe de Deus, Senhora das Dores, rogai por todas as mães para que possam ter acesso a recursos médicos para seus filhos com mais facilidade.